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Não conseguiremos sozinhos

Como viver uma vida mais sustentável? Ao colocar a responsabilidade diretamente sobre o indivíduo, a atenção é desviada das muitas instituições envolvidas em estruturar caminhos de ação possíveis.

Ilustração por Diego Marmolejo.
Ilustração por Diego Marmolejo.
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Como viver uma vida mais sustentável? Essa pergunta gera muitos debates em torno do que um indivíduo pode fazer para lidar com problemas como as mudanças climáticas. Por exemplo: as pessoas são encorajadas a consumir localmente, comprar alimentos orgânicos, instalar isolamento térmico em suas casas e pedalar com mais frequência.

Mas quão efetivas são as ações individuais quando o assunto é a necessidade de uma mudança social sistêmica? Indivíduos fazem escolhas, de fato, mas estas são facilitadas ou dificultadas pela sociedade na qual vivem. Assim, pode ser mais útil questionar o sistema que exige que muitos de nós viajem e consumam energia da maneira como fazemos.

Políticas em matéria de alterações climáticas

Políticas que tratam de mudanças climáticas e outros problemas ambientais são de três tipos: políticas de descarbonização (encorajar fontes renováveis de energia, carros elétricos, bombas de calor), políticas de eficiência energética (diminuir a proporção entre a energia gasta e produzida por eletrodomésticos, veículos, construções) e políticas de mudança comportamental (incentivar as pessoas a consumir e se comportar de maneira mais sustentável, por exemplo, adotando as tecnologias promovidas pelas duas outras estratégias).

As duas primeiras estratégias têm como objetivo tornar os padrões existentes de consumo menos intensivos no uso de recursos somente a partir da inovação técnica. Essas políticas ignoram processos relacionados a mudanças sociais, que talvez expliquem porque elas não tenham gerado uma diminuição na demanda energética ou nas emissões de CO2. Avanços na eficiência energética não resultaram em uma menor demanda energética, porque eles não abarcam novos padrões de consumo que são mais intensivos no uso de recursos e que frequentemente surgem de tecnologias mais energeticamente eficientes. 12

Da mesma forma, fontes renováveis de energia não levaram à descarbonização da infraestrutura energética, porque a demanda energética (total e per capita) está aumentando mais rapidamente que fontes renováveis de energia são adicionadas ao sistema. 3

Consequentemente, a única forma de reduzir a emissão de gases do efeito estufa é focar mais em mudanças sociais. A eficiência energética e as políticas de descarbonização precisam ser combinadas com “inovação social” se quisermos que o consumo de energia e as emissões de carbono diminuam. Aqui entram as estratégias de mudanças comportamentais. O terceiro pilar da política sobre mudanças climáticas tenta conduzir os comportamentos e escolhas do consumidor a uma direção mais sustentável.

Estratégias de mudanças comportamentais

Instrumentos e conjuntos de políticas projetados para alcançar mudanças comportamentais são bem variados, mas a maioria pode ser classificada como “cenouras, gravetos ou sermões”. 4 Podem ser incentivos econômicos (como incentivos para produtos “verdes”, taxas de energia, empréstimos em condições favoráveis), padrões e regulação (como um plano diretor ou padrões de emissão para veículos), ou o fornecimento de informações (contas de luz mais detalhadas, medidores inteligentes, campanhas de conscientização).

Exemplo de campanha para mudança comportamental.
Exemplo de campanha para mudança comportamental.
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Todos esses instrumentos de políticas são direcionados ao que se considera determinante no comportamento dos indivíduos. 5[^6]678 Eles assumem que ou os indivíduos tomam decisões racionais baseadas em preços e informações (o modelo Homo economicus), ou que os comportamentos são resultados de crenças, atitudes e valores (vários modelos de valores e crenças). De acordo com essas teorias sociais dominantes, as pessoas agem de forma pró-ambiente por interesse pessoal (porque é agradável ou econômico), ou por razões normativas (porque elas acreditam que é a coisa certa a se fazer).

Estratégias de mudança comportamental assumem que ou os indivíduos tomam decisões racionais baseadas em preços e informações, ou que os comportamentos são resultados de crenças, atitudes e valores

No entanto, muitas ações pró-ambiente envolvem um conflito entre interesses pessoais e razões normativas. O comportamento pró-ambiente é geralmente considerado menos rentável, menos prazeroso, e/ou demorado. Consequentemente, as pessoas precisam fazer esforço para beneficiar o meio ambiente e isso é o motivo, segundo pesquisadores de mudanças comportamentais, de valores e atitudes pró-ambientais não necessariamente ocorrerem juntos no comportamento dos indivíduos – um fenômeno chamado de “lacuna entre valor e ação”.

Para preencher essa lacuna, são propostas duas estratégias. A primeira é tornar os objetivos normativos mais próximos dos objetivos pessoais, seja diminuindo os custos de ações pró-ambientais, seja por aumentar os custos de ações danosas. A segunda é fortalecer os objetivos normativos, na esperança de que as pessoas irão se comportar de maneira pró-ambiente mesmo que seja mais caro ou difícil. Isso é geralmente feito através das campanhas de conscientização.

Escolha individual

Contudo, os resultados das políticas de mudança comportamental têm sido decepcionantes até o momento. Duas décadas de campanhas relacionadas à conscientização sobre mudanças climáticas não diminuíram a demanda de energia e as emissões de carbono de maneira significativa. O motivo desse sucesso limitado é que as tentativas de mudança comportamental existentes se baseiam em uma percepção muito limitada do âmbito social. 9

Políticas de mudança de comportamento são embasadas na ideia amplamente difundida de que o que as pessoas fazem é, em essência, uma questão de escolha individual. 410[^12] Por exemplo, se as pessoas escolhem uma forma de viajar ou outra, é por uma preferência pessoal. 4 Sendo assim, a agência (o poder de mudança) e a responsabilidade sobre a demanda energética, o consumo e as mudanças climáticas são pensadas como algo que ocorre dentro das pessoas, individualmente.

É esse conceito de escolha que está por trás de estratégias de intervenção (persuasão, precificação, conselhos). Com melhores informações e incentivos, espera-se que indivíduos que se “comportam mal” mudem de ideia e adotem comportamentos pró-ambiente. 10

O fato de que a maior parte das pessoas comem carne, andam de carro e estão conectadas à rede elétrica não é simplesmente uma questão isolada de escolha. As pessoas estão, frequentemente, presas em modos de vida insustentáveis.

Obviamente, indivíduos fazem escolhas sobre suas ações e algumas delas são baseadas em valores e atitudes. Por exemplo: algumas pessoas não comem carne, enquanto outras não andam de carro e outras vivem inteiramente desconectadas da rede elétrica convencional. No entanto, o fato de que a maior parte das pessoas comem carne, andam de carro e estão conectadas à rede elétrica não é simplesmente uma questão isolada de escolha. Indivíduos não existem num vácuo. O que as pessoas fazem também é condicionado, facilitado e dificultado por normas sociais, instituições políticas, políticas públicas, infraestruturas, tecnologias, mercados e cultura. 9[^13][^14]

Os limites da escolha individual

Como indivíduos, podemos ter graus de escolha, mas nossa autonomia é sempre limitada. [^13][^14] Por exemplo: podemos comprar um carro mais energeticamente eficiente, mas não podemos fornecer nossa própria infraestrutura para pedalar, nem fazer motoristas respeitarem ciclistas. Os holandeses e dinamarqueses pedalam muito mais que as pessoas em outros países industrializados, mas não é porque eles são mais ambientalmente conscientes. Na realidade, eles pedalam porque existe uma infraestrutura excelente para ciclovias e bicicletários, porque é socialmente aceitável ser visto de bicicleta, mesmo vestindo roupas de trabalho, e porque motoristas têm habilidades e cultura para lidar com ciclistas.

Motoristas holandeses são ensinados que, quando saírem do carro, eles devem usar a maçaneta com a mão direita, forçando-os a virar o corpo e ver se há algum ciclista vindo por trás. Além disso, em caso de acidente entre um carro e uma bicicleta, o motorista é sempre considerado responsável, mesmo que o ciclista tenha cometido um erro. Obviamente, uma pessoa no Reino Unido ou nos Estados Unidos pode decidir pedalar sem essa infraestrutura, cultura e suporte legal, mas é menos provável que um grande número de pessoas seguirá seu exemplo.

Bicicletário em Ghent, na Bélgica.
Bicicletário em Ghent, na Bélgica.
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Pessoas em países industrializados estão, normalmente, presas a modos de vida insustentáveis, quer elas gostem ou não. Sem um smartphone com internet sempre ligada, torna-se cada vez mais difícil participar da sociedade moderna, já que mais e mais atividades cotidianas dependem dessas tecnologias. Uma vez que o smartphone conectado é estabelecido como uma “necessidade”, uma pessoa ainda pode comprar um dispositivo energeticamente eficiente, mas ela não pode fazer nada sobre o fato de que ele provavelmente vai parar de funcionar em três anos, sem chance de reparo.

Os indivíduos também não têm o poder de mudar as crescentes taxas de bits na internet, que aumentam sistematicamente o uso de energia nos centros de dados e na infraestrutura da rede, porque os provedores continuam “inovando”. [^15] Uma pessoa pode tentar consumir o mínimo possível, mas ela não deve esperar muito apoio, já que o sistema econômico dominante requer crescimento para sobreviver.

Culpando uns aos outros

Em resumo, indivíduos podem fazer escolhas pró-ambiente baseadas em atitudes e valores, e podem inspirar outros a fazerem o mesmo, mas há tantas outras coisas envolvidas que focar em mudar o comportamento individual parece uma simplificação. 4 Tentar persuadir pessoas a viver de maneira sustentável através de programas de mudança de comportamento individual não é uma abordagem capaz de abarcar as estruturas e ideias maiores e mais significativas que facilitam e limitam suas opções.

Na verdade, ao colocar a responsabilidade – e a culpa – diretamente sobre o indivíduo, a atenção é desviada das muitas instituições envolvidas em estruturar caminhos de ação possíveis, e em tornar uns mais prováveis que outros. 10 O discurso do “comportamento” sustentável responsabiliza os consumidores coletivamente por decisões políticas e econômicas, mais do que os próprios políticos e atores econômicos.

Ao colocar a responsabilidade – e a culpa – diretamente sobre o indivíduo, a atenção é desviada das muitas instituições envolvidas em estruturar caminhos de ação possíveis.

Isso torna as políticas de “comportamento” pró-ambiental polarizadoras – são os outros (por exemplo: quem come carne ou anda de carro) que estão agindo errado por consumir ou se comportar de acordo com seus valores pessoais, e não os políticos, as instituições e os fornecedores que permitem o desenvolvimento e a prosperidade de sistemas de transporte e alimentação insustentáveis.

Como esse exemplo demonstra, o comportamento individual não é um posicionamento teórico, é também um posicionamento político. Focar na responsabilidade individual é um pensamento alinhado ao neoliberalismo e frequentemente serve para suprimir uma crítica sistêmica dos arranjos políticos, econômicos e tecnológicos. 4910

Além do comportamento individual

Se transformações sociais significativas são necessárias, faz mais sentido descentralizar os indivíduos da análise e olhar para o cenário completo. Outras abordagens na teoria social sugerem que, em vez de ser a expressão de valores e atitudes de uma pessoa, o comportamento individual é, na realidade, a expressão observável do mundo social, incluindo gostos, significados, conhecimento e habilidades compartilhados coletivamente, além de tecnologias, infraestrutura e instituições. Dessa forma, o comportamento individual é apenas a ponta do iceberg e, por isso, os efeitos de intervir no comportamento são limitados.

Um alvo muito melhor para a sustentabilidade é a estrutura do comportamento socialmente incorporada – a maior parte do iceberg que está debaixo d’água. [^13] Isso pode implicar num foco não só em indivíduos e suas escolhas, mas na organização social das práticas cotidianas como cozinhar, lavar, comprar ou praticar esportes. Como as pessoas realizam essas práticas depende não só de escolhas individuais, mas também do contexto material, social e cultural. 9 [^13]

Ilustração por Diego Marmolejo.
Ilustração por Diego Marmolejo.
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Por exemplo: a prática de dirigir carros requer “coisas” (carros, estradas, estacionamento, postos de gasolina, refinarias), competências (habilidade de dirigir, conhecimento sobre regras de trânsito) e significados (ideias de liberdade, dirigir carros é a coisa “normal” a se fazer, não ter um carro significa que você fracassou na vida). Faz pouco sentido tentar convencer as pessoas a dirigirem menos (ou nunca dirigir) quando essas questões sistêmicas são negligenciadas.

Se as práticas sociais são consideradas as unidades centrais da análise, em vez dos indivíduos que as executam, torna-se possível analisar e direcionar a mudança social a um caminho muito mais interessante. 9[^13] Ao tirar o foco da escolha individual, torna-se nítido que políticas de mudança de comportamento individual representam apenas mudanças pequenas ou marginais, ao nível de uma prática. Ao mesmo tempo, revela o quanto o estado e outros atores configuram o cotidiano.

Ao tirar o foco da escolha individual, torna-se nítido que políticas de mudança de comportamento individual representam apenas mudanças pequenas ou marginais.

Por exemplo: a ideia de que um carro significa liberdade pessoal é um tema recorrente nas publicidades sobre carros, que são muito mais numerosas que as campanhas promovendo o ciclismo. E porque diferentes meios de transporte competem pelo mesmo espaço nas ruas, são os governos e as autoridades locais que decidem quais são os meios a priorizar, dependendo das infraestruturas construídas.

Quando o foco está nas práticas, a dita “lacuna entra valor e ação” não pode mais ser interpretada como uma evidência de falhas éticas ou inércia individuais. Mas, sim, como resultado de questões sistêmicas: indivíduos vivem em uma sociedade que torna improváveis muitos arranjos pró-ambientais.

O novo normal

Para concluir, mesmo que políticas de mudança comportamental individual procurem lidar com transformações sociais e não só tecnológicas, elas o fazem de maneira bem limitada. Como resultado, elas têm as mesmas falhas que as outras estratégias – que são focadas em eficiência e inovação. 2 Como as políticas de eficiência energética e descarbonização, as de mudança comportamental não questionam convenções sociais ou infraestruturas insustentáveis.

Não consideram mudanças mais amplas, a nível sistêmico, que transformariam radicalmente a forma que vivemos – e que teriam potencial para reduzir, muito mais significativamente, o uso de energia e as emissões de gases do efeito estufa. Por exemplo: reciclar o lixo não questiona a produção de resíduos, e ainda a legitima. Ao desviar a atenção das questões sistêmicas que guiam a demanda de energia, as políticas de mudanças comportamentais frequentemente reforçam o status quo. 10[^12][^13]

Em contraste com políticas direcionadas a indivíduos, políticas que pensam a sustentabilidade como um desafio sistêmico e institucional podem trazer muitas formas de inovação que são necessárias para lidar com problemas como as mudanças climáticas. Inovações sociais relevantes são aquelas em que as regras do jogo contemporâneo são minadas, em que o status quo é questionado, e em que práticas sustentáveis se espalham por todos os domínios da vida cotidiana. 10

Uma abordagem sistêmica da sustentabilidade nos incentiva a imaginar como seria o “novo normal” de uma sustentabilidade cotidiana.

Mudanças sociais significam transformar o que é “normal” – como ambientes sem cigarro ou usar cintos de segurança. Só precisamos olhar para as décadas passadas e ver quais práticas estão mudando constantemente e, muitas vezes, radicalmente. Uma abordagem sistêmica da sustentabilidade nos incentiva a imaginar como seria o “novo normal” de uma sustentabilidade cotidiana. [^13] Uma política de sustentabilidade que foca em questões sistêmicas reformula a questão de “como mudamos os comportamentos dos indivíduos para que sejam mais sustentáveis?” para “como mudamos o jeito que a sociedade funciona?”. Isso leva a intervenções muito diferentes.

Pensar estruturas socio-tecnológicas do “comportamento” envolve tentar criar infraestruturas e instituições que facilitem vidas sustentáveis, tentar mudar convenções culturais que sustentam diferentes atividades e tentar incentivar novas habilidades que são necessárias para fazer as coisas de outras formas. Como resultado dessas mudanças, o que consideramos “comportamentos” individuais também mudará.

Ilustrações por Diego Marmolejo.

Este artigo foi escrito para o UK’s Demand Centre. Assista a sua série de filmes sobre a construção e evolução da demanda eneregética


  1. Shove, Elizabeth. “What is wrong with energy efficiency?.” Building Research & Information (2017): 1-11. ↩︎

  2. Labanca, Nicola, and Paolo Bertoldi. “Beyond energy efficiency and individual behaviours: policy insights from social practice theories.” Energy Policy 115 (2018): 494-502. ↩︎ ↩︎

  3. De Decker, Kris. “How (not) to resolve the energy crisis.” Low-tech Magazine, 2009 ↩︎

  4. Shove, Elizabeth, Mika Pantzar, and Matt Watson. The dynamics of social practice: Everyday life and how it changes. Sage, 2012. ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎

  5. Martiskainen, Mari. “Affecting consumer behaviour on energy demand.” (2007). [^6]: Steg, Linda, et al. “An integrated framework for encouraging pro-environmental behaviour: The role of values, situational factors and goals.” Journal of Environmental Psychology 38 (2014): 104-115. ↩︎

  6. Evans, Laurel, et al. “Self-interest and pro-environmental behaviour.” Nature Climate Change 3.2 (2013): 122. ↩︎

  7. Turaga, Rama Mohana R., Richard B. Howarth, and Mark E. Borsuk. “Pro‐environmental behavior.” Annals of the New York Academy of Sciences 1185.1 (2010): 211-224. ↩︎

  8. Kollmuss, Anja, and Julian Agyeman. “Mind the gap: why do people act environmentally and what are the barriers to pro-environmental behavior?.” Environmental education research 8.3 (2002): 239-260. ↩︎

  9. Hargreaves, Tom. “Practice-ing behaviour change: Applying social practice theory to pro-environmental behaviour change.” Journal of consumer culture 11.1 (2011): 79-99. ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎

  10. Shove, Elizabeth. “Beyond the ABC: climate change policy and theories of social change.” Environment and planning A 42.6 (2010): 1273-1285. [^12]: Southerton, Dale, Andrew McMeekin, and David Evans. International review of behaviour change initiatives: Climate change behaviours research programme. Scottish Government Social Research, 2011. [^13]: Spurling, Nicola Jane, et al. “Interventions in practice: Reframing policy approaches to consumer behaviour.” (2013). [^14]: Mattioli, Giulio. “Transport needs in a climate-constrained world. A novel framework to reconcile social and environmental sustainability in transport.” Energy Research & Social Science 18 (2016): 118-128. [^15]: De Decker, Kris. “Why we need a speed limit for the Internet.” Low Tech Magazine. (2015). ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎ ↩︎